SÃO PAULO – O Ibovespa acelera perdas e já cai 3% com a notícia de que o
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Edson Fachin, anulou as
condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no
âmbito da Operação Lava Jato. Com a decisão, Lula recuperou seus direitos
políticos e pode se candidatar a presidente em 2022.
Os casos
envolvendo o tríplex do Guarujá (SP), o sítio de Atibaia (SP) e o Instituto
Lula devem ser encaminhados para a Justiça Federal do Distrito Federal.
Mais cedo, a Bolsa
já vinha apresentando perdas diante do cenário de avanço da pandemia de
coronavírus. Diversos estados registram superlotações em UTIs e falta de leitos
hospitalares enquanto a demora na vacinação segue como um grave impasse no
combate à pandemia.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Brasil obteve “praticamente
uma declaração de que o acordo está fechado” com a Pfizer. O
contrato, porém, ainda não foi assinado. A Pfizer entregaria 14 milhões de
doses do imunizante.
Segundo Roberto Attuch,
CEO da Ohmresearch, o mercado já estava de mau humor e ficou pior, pois a
aceitação do habeas corpus da defesa de Lula foi uma surpresa, pois o único
processo que estava no radar em relação a esse tema era o de suspeição do
ex-juiz Sérgio Moro, que servia só para a condenação no caso do tríplex do
Guarujá e não para as investigações do sítio em Atibaia.
Agora, de acordo
com Attuch, os investidores enxergam um cenário extremamente polarizado para
2022, com um segundo turno quase certo entre o atual presidente Jair Bolsonaro
e Lula. “Se o mercado se decepcionou com o Bolsonaro nas últimas semanas com a
falta de agenda reformista, agora o que se enxerga para o ano que vem são dois
candidatos que não são comprometidos com as reformas de ajuste fiscal”, avalia.
Na mesma linha,
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, acredita que essa decisão
tornou menor o espaço para alguém com uma postura mais de centro ser
competitivo.
Para Sérgio Vale,
economista-chefe da MB Associados se, de fato, for confirmado que Lula vai
recuperar os direitos políticos e voltar a ser elegível, haverá um cenário
complicado nos próximos dois anos.
“A polarização
fica instalada desde agora, sem chance para o centro democrático. Com Bolsonaro
intervencionista e o PT sem mea culpa na parte econômica, teremos uma situação
muito tensa nos próximos dois anos. Com câmbio mais pressionado e bolsa mais
instável”, destaca Vale.
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