Estudantes da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) denunciam ação da universidade que estaria proibindo o consumo de refeições trazidas de casa nas dependências do RU (Restaurante Universitário).
Uma placa com a proibição teria sido instalada nesta terça-feira (26) e alerta aos estudantes que é "proibido comer marmita".
A medida revoltou diversos alunos, entre eles o acadêmico do curso de Geografia, Argeniro Rodrigues, 27 anos. “Depois que teve todo esse processo de não abrir, eles subiram o valor da refeição e agora estão proibindo as pessoas que levam marmitas de usarem as mesas. Agora, quem quiser comer vai ter quer que usar os corredores ou as mesas a céu aberto”, disse ele.
O estudante se refere ao aumento no valor das refeições do RU para R$ 15,00 — o que também causou revolta em estudantes há algumas semanas.
O acadêmico alerta que a nova proibição pode afetar muitos alunos, que estão em situação de vulnerabilidade financeira.
“Tem pessoas que não têm condições, e que ficam com fome na universidade. A placa foi colocada hoje, eu acho uma ação absurda. Se a gente for observar, o que está ocorrendo na universidade é uma processo de segregação espacial. Onde determinados estudantes estão tendo acessos diferenciados a espaços oferecidos pela universidade pública”, afirmou o estudante.
O aluno ainda ressalta a questão financeira que o país vive. “Não pode haver essa separação, onde uns comem no sol e outros no RU. A gente está em um momento de crise financeira, nem todo mundo tem dinheiro para comprar comida”, finalizou.
Não pensaram nos alunos
Estudante de Audiovisual, Gabriela Marques Caldas, 24 anos, leva marmitas para se alimentar e depende diretamente da estrutura. “Utilizo o espaço para almoçar nas mesas, a maioria que come de marmita vai lá por ter mesa e cadeira e não ser embaixo do sol”, disse .
“Isso começou hoje (26), é uma falta de respeito [com o aluno]. Acho que o RU é um espaço público como qualquer outro da faculdade, e não deveria ser negado o acesso de alunos para comer. Independente se seja a comida deles ou não. Sempre teve alunos que comiam marmita e isso nunca foi um problema, só começou a ser por conta do aumento, e a pouca quantidade de alunos que tem frequentado e comprando fichas”, explicou.
O DCE
O presidente do DCE (Diretório Central dos Estudante) da UFMS, Wellington Idino, de 29 anos, relatou um fenômeno crescente entre os alunos da instituição.
“Os alunos que não têm condições financeiras de pagar R$ 15 estão buscando alternativas para diminuir o impacto no orçamento. Ele chega no restaurante e vai comer [a marmita] ali porque não tem um espaço ou refeitório para o aluno comer ou esquentar a comida. A UFMS tem copa, mas é restrita aos servidores. O único lugar que o aluno tem pra comer é nos bancos do corredor central, só que não é um lugar adequado pra isso”, disse.
O representante ressalta que uma reunião será realizada com os diretórios estudantis para levar a demanda à instituição. “Vamos encaminhar [um documento] para a universidade, ela tem a ciência da necessidade do micro-ondas [e refeitório], mas falta iniciativa da UFMS para dispor de locais adequados para os alunos esquentaram e comerem suas marmitas”, finalizou.
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