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Resgatados de Gaza chegam a Brasília e são recebidos por Lula

Lula abraça crianças repatriadas de Gaza após desembarque na Base Aérea de Brasília - Crédito: Ricardo Stuckert Lula abraça crianças repatriadas de Gaza após desembarque na Base Aérea de Brasília - Crédito: Ricardo Stuckert

Pousou em Brasília, na noite desta segunda-feira, dia 13 de novembro, o avião da FAB (Força Aérea Brasileira) com o grupo de 32 pessoas resgatadas na Faixa de Gaza — a maioria brasileiros. Eles aguardavam a autorização para deixar a região desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, há mais de um mês.

A previsão inicial era de que a aeronave chegasse à capital às 23h30, mas ela chegou seis minutos mais cedo, às 23h24. O grupo era aguardado por autoridades na Base Aérea de Brasília, entre elas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta.

Além de 22 cidadãos brasileiros (natos ou naturalizados), há 10 palestinos – três parentes de primeiro grau de brasileiros, e sete portadores do Registro Nacional de Migração (RNM) que devem receber status de refugiados. Eles estavam no Sul da Faixa de Gaza, nas cidades de Khan Younis e Rafah.

O ministro de Comunicação Social, Paulo Pimenta, informou que entre os passageiros havia, pelo menos, duas crianças com quadro de desnutrição. Antes mesmo da chegada do avião na capital, ambulâncias já estavam posicionadas na pista, aguardando a chegada delas para levá-las ao hospital. Mais tarde, a equipe médica informou que três crianças e uma grávida receberam atendimento médico.

Antes de chegar a Brasília, aeronave, de modelo VC-2 (Embraer 190), pousou na Base Aérea de Recife, às 20h21, onde fez uma parada técnica para abastecimento e nenhum passageiro desembarcou. O procedimento durou algo em torno de 50 minutos. Segundo a Aeronáutica, essa é a maior operação de resgate de brasileiros em áreas de conflito no exterior.

Saída de Gaza

A saída de Gaza começou na manhã deste domingo (12), quando o grupo se deslocou para o controle migratório palestino da região. Depois, de acordo com informações do Itamaraty, os brasileiros saíram do local e seguiram para a estação do Egito (2 km de percurso de ônibus).

Lá, foram recepcionados pela equipe da embaixada do Brasil no Cairo e submetidos aos trâmites migratórios de entrada naquele país.

Após passar pela imigração, os brasileiros almoçaram e depois seguiram viagem para o Cairo, capital do Egito. O transporte foi feito em veículos contratados pela embaixada do Brasil no Egito e durou cerca de seis horas.

A aeronave da FAB aguardava a chegada dos brasileiros em uma base aérea localizada próximo ao Cairo. Após passarem a noite em um hotel no Cairo, os brasileiros embarcaram para o Brasil na manhã desta segunda.

O avião fez duas paradas técnicas, uma em La Palma, na Espanha, e outra já em solo brasileiro, em Recife, capital pernambucana.

Das 34 pessoas previstas para serem resgatadas neste voo, duas desistiram da viagem no dia em que a saída do grupo de Gaza foi autorizada. Uma mulher de 50 anos e sua filha, de 12 anos, decidiram não viajar, por motivos pessoais.

Abrigo no Brasil

O grupo de 32 pessoas deve se dividir por quatro estados e o Distrito Federal após passarem pelo menos um dia no alojamento da Base Aérea de Brasília recebendo cuidados médicos e regularizando a documentação.

De acordo com o secretário nacional de Justiça, Augusto Botelho, eles devem se dividir da seguinte forma:

4 têm família em Brasília e ficarão no DF

12 ficarão com as famílias no estado de São Paulo

12 que não têm mais familiares no Brasil ficarão em abrigo no interior de São Paulo

2 vão para Florianópolis (SC)

1 vai para Cuiabá (MT)

1 vai para Novo Hamburgo (RS)

Segundo o secretário, o abrigo no interior de São Paulo foi "disponibilizado pelo governo federal através das parcerias e convênios que o Ministério do Desenvolvimento Social tem".

Desde o início da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, o governo do Brasil entrou em contato com os brasileiros que estavam em Gaza e que manifestaram vontade de sair de lá, para fugir do conflito.

Os bombardeios em Gaza começaram no dia 8 de outubro. Desde então, a diplomacia brasileira iniciou a operação para trazer o grupo de volta. Primeiro, o Itamaraty organizou um deslocamento dos brasileiros do Norte para o Sul de Gaza, onde poderiam passar para a fronteira com o Egito.

Em seguida, o governo negociou com Israel, Egito e Catar para incluir os nomes dos brasileiros na lista dos que poderiam atravessar a passagem da fronteira egípcia. Os brasileiros deixaram Gaza no domingo (12).

Antes, o governo já havia trazido de volta para o país brasileiros que estavam em Israel. Para o secretário nacional de Justiça, a repatriação dos brasileiros de Gaza foi a mais difícil que o país realizou na guerra até agora.

"Foi a negociação mais difícil, mais dolorosa. Acho que quando envolve uma quantidade grande de crianças, o envolvimento emocional é muito grande", afirmou Botelho.

Vacina e cuidados médicos e psicológicos

De acordo com Botelho, os brasileiros que chegarão de Gaza vão receber cuidados médicos e psicológicos já na Base Aérea de Brasília. Nessa etapa, também serão preenchidos os documentos de migração.

"Na base aérea hoje [segunda] à noite, nós faremos dois atendimentos. Um atendimento médico, alguma necessidade médica e psicológica. Técnicos do Ministério da Saúde vão estar na Base Aérea hoje. E vão fazer também todo desembaraço migratório e o desembaraço também das bagagens", explicou.

Na terça (14), deve ser feita uma vacinação para imunizar as crianças do grupo.

“As crianças serão vacinadas. Há muitas crianças que não foram vacinadas ainda no grupo. Serão todas vacinadas amanhã [terça]. Então, esses dois dias são dois dias de descanso e também de conversa, de escuta, para que o governo federal entenda as necessidades de cada pessoa”, completou o secretário.

Benefícios sociais

O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, explicou que os repatriados poderão receber benefícios sociais, caso se enquadrem nos requisitos de cada programa.

"Aqueles que não têm familiares ficarão numa unidade de acolhimento. Ali, têm direito à habitação, têm direito à alimentação e também acesso a um dos programas, ou o Bolsa Família ou o Benefício de Prestação Continuada. E a partir daí é feita toda uma orientação para outros programas", afirmou o ministro.

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