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Livro 'O avesso da pele' é recolhido de escolas no Paraná; autor critica

Exemplares do livro "O avesso da pele", do escritor Jeferson Tenório, estão sendo recolhidos de escolas públicas que ofertam o Ensino Médio no Paraná. A determinação é da Secretaria Estadual de Educação.

A obra foi publicada em 2020 e narra a história de Pedro, que teve o pai assassinado em uma abordagem policial. O racismo é um dos temas abordados no livro, que venceu o Prêmio Jabuti em 2021, considerado o mais importante da literatura brasileira.

"O avesso da pele" integra o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), do MEC (Ministério da Educação), que compra e distribui livros didáticos para escolas públicas no Brasil.

Em ofício, a Seed informou que "a obra passará por análise pedagógica e posterior encaminhamento". Os exemplares devem ser recolhidos até a próxima sexta-feira, dia )8 de março.

A secretaria disse que "habitualmente revisa os materiais didáticos incluídos no PNLD", considerou a temática da obra como "importante", mas explicou que a revisão foi necessária porque, em determinados trechos, "o texto tem expressões, jargões e descrições de cenas inadequadas para menores de 18 anos".

A Secretaria de Educação informou que ainda está levantando quantas escolas no Paraná adotaram "O avesso da pele" nas salas de aula.

Autor critica recolhimento de livros

Pelas redes sociais, o escritor Jeferson Tenório classificou a medida da Seed como "uma violência e uma atitude inconstitucional".

Segundo o autor, "não se pode decidir o que os alunos devem ou não ler com uma canetada. Não vamos aceitar qualquer tipo de censura".

Segunda polêmica na semana

A obra de Tenório também virou alvo de uma polêmica em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul. A diretora de um colégio estadual gravou um vídeo pedindo que exemplares fossem retirados da instituição de ensino.

Escritor Jeferson Tenório fala sobre 'O avesso da pele'; obra é alvo de polêmica no RS

Segundo a diretora, o livro tem "vocabulários de tão baixo nível para serem trabalhados com estudantes do Ensino Médio". Após a repercussão, o vídeo foi apagado.

Em entrevista, Tenório criticou a fala da profissional. 

"Me causa sempre espanto, porque já temos tão poucos leitores no Brasil e deveríamos estar preocupados em formar leitores, e não censurar livros", disse.

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