Unidade da Mulher e da Criança do HU (Hospital Universitário) da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) foi palco nesta quinta-feira, dia 20 de junho, de uma importante palestra sobre o Projeto Acalento. O programa multiprofissional de assistência a vítimas de crimes sexuais é desenvolvido pelo HU de Dourados em parceria com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp).
A palestra contou com a presença de profissionais de saúde, médicos e enfermeiros.
“Uma das orientações repassadas foi em relação às vítimas de violência que não devem tomar banho logo após a violência ao serem atendidas na unidade. Isso porque elas precisam fazer a coleta de materiais que possam ser úteis na investigação policial”, explicou Naara. Ela destacou a importância de preservar as evidências para que a investigação possa ser eficaz.
Naara também abordou os desafios enfrentados pelas vítimas no processo de denúncia. “Mulheres desacreditadas no processo preferem não fazer a denúncia. O nosso papel aqui é informar direitos e garantias, e não julgar”, afirmou. Ela enfatizou que o atendimento deve ser humanizado e acolhedor, garantindo que as vítimas se sintam seguras e apoiadas.
O Projeto Acalento tem sido um grande avanço na forma como as vítimas de violência sexual são tratadas. "Isso foi um grande ganho não exigir mais o boletim de ocorrência das vítimas. Em 2011, a mulher fazia atendimento médico e psicossocial e ainda tinha que ir à delegacia fazer o boletim de ocorrência. E ainda tinha que ir ao IML e só depois estaria liberada e ainda depois tinha que voltar para pegar exames. E ainda sem transporte com roupa da violência, pós-situação. E nós da rede fomos problematizando isso, problematizando a dificuldade desse atendimento integral. Formalizamos uma parceria e, em todo atendimento no Projeto Acalento, a gente faz a solicitação e a segurança pública vem fazer o atendimento no hospital”, relatou Naara.
Ela explicou que, atualmente, o boletim de ocorrência e a perícia são feitos diretamente no hospital, garantindo que a primeira preocupação seja o atendimento de saúde. "A primeira lógica é o atendimento de saúde que o hospital precisa garantir. Depois, o trabalho da segurança pública. Inclusive ouvir a vítima e o acompanhante. O que temos tentado integrar é que o profissional já repasse as informações para os demais para não revitimizar a vítima e fazê-la pensar naquela situação de violência o tempo todo”, acrescentou.
Naara ressaltou a importância de um atendimento rápido e eficiente: "O que a gente quer garantir é que a vítima saia daqui com a resolutividade. No processo de atendimento, você inicia perguntando e entendendo o processo. Chegou ao hospital, não pode permitir que a vítima retorne para o ambiente de violência".
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