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Família de garoto de 10 anos nega que morte foi por picada de escorpião

Menino de 10 anos era apaixonado por cavalos e vivia em área rural da cidade - Crédito: (Redes Sociais) Menino de 10 anos era apaixonado por cavalos e vivia em área rural da cidade - Crédito: (Redes Sociais)

Na manhã desta quarta-feira, dia 13 de dezembro, a família de José Guilherme Maracci, de 10 anos, que morreu no último domingo, dia 10 de dezembro, após passar mal, concedeu uma entrevista à equipe do Nova News para esclarecer questionamentos sobre a causa da morte e apontar possíveis falhas no atendimento médico prestado pelo HR (Hospital Regional) de Nova Andradina, cidade localizada na região do Vale do Ivinhema.

Os pais da criança, Aclerisson Maracci, de 39 anos, e Daniela Figueiredo de Santana, de 31 anos, refutam as informações contidas na declaração de óbito. Eles afirmam categoricamente que o garoto não foi vítima de picada de escorpião, contestando a inclusão dessa hipótese na declaração de óbito.

"Queremos saber a verdade. Quando as pessoas nos perguntam do que nosso filho morreu, nós não temos essa resposta, e isso aumenta ainda mais a nossa dor", afirma Daniela, em entrevista concedida ao site Nova News.

Ao jornal da região, os pais relatam que na segunda-feira (04), José Guilherme reclamou de dor de ouvido, sendo atendido no PAM (Pronto Atendimento Médico) de Batayporã, medicado e liberado, ficando bem após o tratamento.

Na sexta-feira (08), a criança começou a sentir dor em um dos braços, membro que havia fraturado alguns anos antes. A família o levou diretamente ao Hospital Regional de Nova Andradina, onde passou por exame de Raio X, foi medicado para dor e liberado.

Entretanto, no sábado (09) à noite, o garoto começou a reclamar de dores mais intensas no braço, perna e pé, além de mal-estar geral. A família o levou novamente ao PAM de Batayporã, que decidiu transferi-lo para o Hospital Regional de Nova Andradina, onde José Guilherme deu entrada por volta das 23h.

Durante o atendimento no HR, os pais afirmam que o médico questionou se a criança havia sido picada por um escorpião, ao que ela respondeu não acreditar nessa possibilidade. "Meu filho era muito ativo, sempre ia para fazendas onde moram nossos parentes, andava a cavalo, ajudava a lidar com gado. Ele tinha conhecimento sobre animais peçonhentos e certamente teria nos falado caso fosse picado", explicou Aclerisson.

A família revela que, inicialmente, o garoto ficou no setor de observação e só mais tarde foi transferido para o setor de emergência. Na madrugada de domingo (10), por volta das 5h, os médicos do HR optaram por realizar a intubação do paciente e transferi-lo para o Hospital Universitário (HU) de Dourados.

Queremos entender o que aconteceu. Ele chegou no HR caminhando, conversando, estava consciente. Foi ao banheiro sozinho, deu descarga, estava totalmente lúcido e saiu de lá horas depois entubado em estado grave", disse o pai.

A família informa que, no momento da intubação, o garoto teria vomitado. "As enfermeiras vieram nos perguntar o que ele havia comido, uma vez que o vômito dele estava escuro. Nós informamos que ele havia tomado açaí horas antes. Se ele vomitou durante a colocação do tubo, será que foi ministrada a sedação da forma correta? Será que essa intubação foi feita do modo certo?", questionam os pais.

Após a intubação, o garoto foi transferido para o HU (Hospital Universitário) de Dourados. A mãe seguiu na ambulância, e o pai foi até a casa, em Batayporã, pegar roupas e outros pertences, para posteriormente acompanhá-los.

Quando chegamos no HU de Dourados, a ambulância estacionou, e o médico do HR, que acompanhou meu filho, já me disse que ele não havia resistido, entrando em óbito no trajeto. Ele não chegou a dar entrada no HU", conta a mãe ao jornal da região.

Na declaração de óbito, que foi assinada e carimbada pelo médico do HR de Nova Andradina que acompanhou o garoto até Dourados, consta no campo “causas da morte”: parada cardiorrespiratória devido ou como consequência de síndrome da angústia respiratória aguda; picada de escorpião; celulite de outros locais.

Outro ponto levantado pela família é que, em casos de picada de escorpião, a unidade de saúde responsável é obrigada a notificar a SES (Secretaria Estadual de Saúde) por meio do CIATOX (Centro de Informação e Assistência Toxicológica).

Contudo, a família destaca que, no caso do garoto, essa notificação não teria sido realizada. Em resposta a essa situação, a SES emitiu uma nota recentemente, informando que a ocorrência está sob investigação.

Ao Nova News, os pais de José Guilherme disseram que vão registrar um boletim de ocorrência junto à Polícia Civil para que o caso seja apurado. O Campo Grande News tentou contato com a família, para entender mais detalhes sobre o caso. Entretanto, a família não quis se pronunciar sobre o caso.

Esclarecimentos

Em nota encaminhada à imprensa, o diretor-geral da Funsau-NA (Fundação Serviços de Saúde de Nova Andradina), responsável administrativamente pelo HR de Nova Andradina, ressaltou que a equipe médica dedicou todos os esforços durante o período em que a criança esteve sob seus cuidados, incluindo providenciar sua transferência para um centro especializado.

Ao revisar o caso, a direção do HR afirmou que não identificou evidências de práticas indicativas de negligência, imperícia ou imprudência. “Após avaliação dos dados registrados em prontuário médico, por todos os profissionais envolvidos, observou-se que o atendimento foi realizado com atenção e zelo”, aponta em nota.

 

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