Dados mostram que a situação da pandemia em Campo Grande não está em seu pior momento como classificado pelo Prosseguir (Programa de Saúde e Segurança da Economia) do Governo do Estado, que colocou a Capital na bandeira cinza, que representa risco extremo para covid. Sob constantes críticas do secretariado de Reinaldo Azambuja (PSDB), a cidade atravessou piores momentos sem decretos restritivos impostos como o da última semana.
O número de óbitos teve seu pico em abril, que foi o mês mais letal da pandemia em Campo Grande. Conforme os dados oficiais, a 13ª semana epidemiológica - a 1ª de abril - foi a mais letal, com 177 óbitos. A semana posterior (14ª) e a anterior (12º) aparecem na sequência como mais letais, respectivamente com 145 e 140 mortes cada uma.
Para comparação, as duas primeiras semanas de junho tiveram 118 e 119 mortes, respectivamente, uma redução de mais de 30% do registrado no pico em abril. Assim, as duas primeiras semanas de abril somaram 322 mortes, enquanto que os primeiros 15 dias de junho foram registrados 237 óbitos.
Por exemplo, no dia 4 de junho, havia 31 pacientes com covid intubados em UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), já na última quarta-feira (16) eram apenas 11, o que representa redução de mais de 70%. Apesar disso, o Prosseguir alterou a classificação de Campo Grande de cinza para vermelha.
Classificação questionável
Segundo o governo estadual, o Prosseguir se utiliza de indicadores que norteiam a condução da pandemia. Entretanto, no período que Campo Grande registrava o pico de mortes, na primeira semana de abril, a classificação do Prosseguir colocava a Capital na bandeira vermelha.
Classificação válida para os primeiros 15 dias de abril mostra Campo Grande na classificação vermelha no pior momento da pandemia na Capital
Já o município de Campo Grande decretou a restrição de atividades consideradas não essenciais no dia 22 de março, duas semanas antes do pico de mortes, que ajudou a frear o contágio no momento mais delicado que a Capital passou. Dias depois, o governo do Estado seguiu o município e impôs restrições a todas as cidades de MS, que durou até o dia 4 de abril.
No início de junho, Campo Grande tinha 31 pacientes intubados com covid em UPAs e, nesse momento, o município estava na bandeira vermelha. No começo do mês, o município chegou a ter 124 pacientes em UPAs, mas houve redução para 97 na última segunda-feira (14). Mesmo com a melhora desses indicadores, o Prosseguir 'piorou' a classificação de Campo Grande, colocando a Capital na bandeira cinza.
Pacientes de outros municípios
De acordo com os dados obtidos pela reportagem, dos 8 pacientes internados em UPAs de Campo Grande que foram transferidos para outros estados, apenas 3 são residentes na Capital. Dos demais, 2 são de Porto Murtinho, inclusive, 1 deles é cidadão paraguaio, os outros são de Amambai, Cassilândia e Aquidauana.
No total, o Estado já enviou 37 pacientes com covid para UTIs em Rondônia e São Paulo.
Reportagem do Jornal Midiamax publicada no dia 21 de março já expôs que 25% dos pacientes internados em Campo Grande moram em outros municípios, mas utilizam comprovantes de endereço de familiares ou conhecidos para conseguir internação em UPAs no município, diante da situação precária em vários municípios.
Na época, um funcionário da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) declarou que achava injusto a situação, pois devido a falta de leitos no interior, esses pacientes vinham para Campo Grande ocupar leitos no município 'burlando' o sistema.
A quantidade de carteirinhas do SUS que Campo Grande tem reforça essa situação. Apesar dos cerca de 906 mil habitantes – segundo estimativa de 2020 do IBGE, são aproximadamente 1,5 milhão de carteirinhas SUS para a Capital.
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