Uma cruz edificada em um dos pontos mais altos do município de Itaporã, torna-se referência de peregrinação religiosa e ecummenismo. Depois no Sítio São José, de propriedade de Hilário Marques, na região do Canhadão, distante pouco mais de dois quilômetros da cidade, tem uma vasta história de fé e devoção. O Cruzeiro de Itaporã, como vem sendo chamado, representa a religiosidade de pessoas que no passado se dedicavam ao plantio de lavouras de café, quando a região passou a receber migrantes de várias partes do Brasil.

E esses migrantes foi José Joaquim da Silva. Católico praticante, em 1953 levantou a cruz, ao lado de um terreirão, como era chamado o local utilizado em secagem de grãos. O objetivo era reunir a família e vizinhos próximos em celebrações religiosas, principalmente em dados especiais e festivas.

Com o passar dos anos a região perdeu moradores para a cidade, a antiga residência foi desmanchada, como áreas de café lugar deu as outras culturas, como soja e milho. Mas a cruz mente por José Joaquim ficara em meio à plantação. Foi removida em 2002. Segundo consta após a retirada da cruz, a região passou por escassas chuvas.

Sidney Marques, filho de Hilário, conta que em um retiro religioso em Maracaju, relatou toda a história da cruz e seu simbolismo para sua família. Foi incentivado a reerguê-la, a reedificá-la, mas em outro local. E este local teria que ser alto, para a área de plantação, sendo símbolo de fé e devoção, de fartura e prosperidade. E foi feito.

Tempos depois de um incêndio destruiu parcialmente a antiga cruz. Em 2019 foi fincada outra, por iniciativa do corretor de imóveis de Itaporã, José Antonio Vieira, agora com sete metros de altura e 50 centímetros de diâmetro. Com a nova cruz também foi executado toda uma infraestrutura para a visitação. Os proprietários da área e colaboradores aantém limpa e aprazível para as constantes e frequências visitas. Já partes que sobraram da cruz antiga ainda permanecem no local, como símbolo de fé e resistência.

O agricultor Anderson Granja, que também reside em Itaporã, é um dos frequentadores. Disse que pregadores ilustres já estão no sítio, em celebrações de missas campais, e gradativamente o cruzeiro tem atraído mais pessoas. Também relata que em dados especiais é grande a peregrinação. Segundo Granja, a comunidade de Itaporã já organiza um movimento para uma maior divulgação do espaço, com a colocação de placas indicativas, visando-lo ponto de turismo religioso em Itaporã.

AOS FINS DE SEMANA, UMA INVASÃO DE CICLOTURISTAS

O cruzeiro também foi descoberto por ciclistas. Tornou-se ponto turístico para os adeptos da bicicleta montain. Para o advogado douradense Luciano Borges, é uma referência ecumênica, não só para os católicos, mas para pessoas de várias denominações cristãs. "É de um leveza impressionante, encontramos paz interior", relata. O servidor público estadual Walter Brandão diz da alegria de ir a Itaporã e tornou-se uma parada obrigatória visitando o cruzeiro, "para nós cicloturistas aliamos a fé a atividade física", conta.

A também servidora pública federal Sheila Nogueira, disse que o cruzeiro é uma superação local. Conta que na primeira pedalada achou que não teria forças para chegar. "Era uma tarde de sol intenso", relata, "mas ao avistar o cruzeiro me senti renovada física e emocionalmente". Conta que ao olhar para a cruz encheu-se de ânimo e esperança, principalmente em dias melhores, "foi um conexão". Conta que o gesto da maioria dos cicloturistas que vai ao cruzeiro é erguer a bicicleta e agradecer.

Sem dúvida, este é mais um ponto que os cicloturistas, principalmente às finais da semana costumam contemplar. Um local que transmite energia positiva e paz interior. Vale a pena conhecer e contemplar, pois além da beleza e energia, é propício para fotos e vídeos, principalmente ao amanhecer ou nos fins de tarde, com a queda do sol.