Brasil

Com várias filhas e alta nos preços, famílias não têm acesso a absorventes em Campo Grande

Com doações ou nas compras da escola, educadores tinham que se mobilizar para fornecer itens de higiene às meninas

Pobreza menstrual é o termo utilizado para intitular a falta de acesso a produtos de higiene básicos durante o período de menstruação, além da falta de informação e apoio. Apesar de pouco falado, o problema afeta muitas meninas em situação de vulnerabilidade em Campo Grande. Um projeto de lei está sendo discutido e poderá mudar a realidade das adolescentes nas escolas municipais da Capital. 

A pobreza menstrual é complexa e envolve uma série de fatores, que vão além da falta de absorventes descartáveis. O problema abrange a ausência de banheiros seguros e saneamento básico em casa e até a falta de acesso a medicamentos. Um projeto de lei foi apresentado pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD) e se assemelha ao que tinha sido apresentado pela vereadora Camila Jara (PT).

Agora, a ideia é fornecer absorventes descartáveis para as alunas das escolas municipais, iniciativa que tem sido vista com bons olhos pelos diretores. Em bairros onde há mais famílias em situação de vulnerabilidade, como na região do Anhanduizinho, os profissionais da educação confirmam que a menstruação pode acabar se tornando um impeditivo para as alunas que não têm acesso ao item de higiene básico em casa. 

A diretora Maria Neusa dos Santos, da E.M. Elízio Ramires Vieira, no bairro Jardim do Pênfigo, explica que a iniciativa é muito importante para as escolas. A diretora conta que as famílias de baixa renda não têm acesso aos absorventes descartáveis, já que os produtos no supermercado em geral têm ficado cada dia mais caros. “Ainda mais para famílias que têm várias filhas, isso pode acontecer. Elas não têm o material adequado”, diz. 

A educadora aponta que, já sabendo que algumas meninas podem não ter acesso ao item de higiene menstrual em casa, a própria escola já vinha se mobilizando para fornecer o material. “A gente sempre acudiu as meninas. Às vezes, a menina está na aula, acontece uma situação ali ou ela precisa fazer a troca. Nas nossas compras da escola, sempre colocamos [o absorvente] para poder acudi-las”, ressalta dos Santos.

Dados do Mapeamento dos Índices de Inclusão e Exclusão Social em Campo Grande apontam que as regiões mais excluídas são as do Anhanduizinho, que inclui bairros como o Los Angeles, Centro Oeste, Lageado e Centenário, por exemplo.

Um levantamento da Unicef (Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância) sobre a pobreza menstrual mostrou que, em Mato Grosso do Sul, mais da metade das alunas no 9º ano estão ao menos parcialmente desassistidas quanto aos itens de higiene pessoal nas escolas. Quanto a estar totalmente desassistida, os estados com maiores percentuais são Acre (5,74%), Maranhão (4,80%), Roraima (4,13%), Piauí (4%) e Mato Grosso do Sul (3,61%).

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