A aprendizagem de técnicas de artesanato traz um engrandecimento a essas pessoas, traz um novo propósito por estarem se ocupando de forma produtiva”. Assim observou a promotora de Justiça Jiskia Sandri Trentin ao comentar os benefícios da ocupação terapêutica rentável durante a execução de penas em Mato Grosso do Sul, realizada há pelo menos dez anos em unidades prisionais do estado.
O resultado dessa iniciativa – cerca de 350 peças confeccionadas por 67 internos – ficou conhecido na tarde da última quinta-feira (9), durante a 19ª Feira do Artesão Livre – Especial Dia das Mães, que ocorreu na sede do Ministério Público do Trabalho em Campo Grande. A entrada principal do edifício foi tingida pelas cores vibrantes e ornamentada pela delicadeza dos trabalhos feitos em crochê, produtos resinados – que incluem colares, chaveiros e porta-jarras, utensílios, panos de prato, jogos de toalhas bordadas, decoração em metal e em argila.
Conforme explica a promotora de Justiça, todo o valor arrecadado com a comercialização das peças é revertido em prol dos artesãos, seja para a aquisição de materiais que serão utilizados em novos trabalhos, seja para ajudar seus familiares. Jiskia Trentin também destaca o direito constitucional de remição da pena, que corresponde ao abatimento de um dia dentro do sistema prisional a cada três dias trabalhados. “No final das contas, todos nós saímos ganhando porque, quando trazemos esses produtos para a feira, a sociedade pode observar que nas prisões se faz alguma coisa, que preso trabalha”, opina.
A feira acontece duas vezes ao ano – Dia das Mães e Natal –, sendo fruto de uma parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e a 50ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, com o apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT), Conselho da Comunidade, Instituto Ação pela Paz e Universidade Presbiteriana Mackenzie/SP. Neste ano, a mostra aconteceu de forma itinerante, isto é, com exposição em diferentes lugares.
Recentemente, o MPT fez a reversão de valores decorrentes da atuação no combate a irregularidades trabalhistas para um curso que qualificou internas no desenvolvimento de habilidades para a produção de artesanato com resina, uma tendência que permite criar peças decorativas, acessórios, objetos utilitários e até mesmo obras de arte. As peças resinadas foram a novidade desta edição da feira. “Esse curso foi motivo de muita alegria para as mulheres que puderam participar dele”, lembra a promotora de Justiça.
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