Imagina começar um dia qualquer, aparentemente tudo conforme a rotina e de repente perceber o sumiço de um parente muito próximo como, por exemplo, o seu pai. Se você tem um familiar ou conhece alguém que sofre de Alzheimer provavelmente já passou por situação parecida.
Este é o drama vivido pela família de Wesley Silva, 32, que procura pelo pai, Antônio Juvenal Ferreira, 63, há 34 dias. A busca se estende por bairros de Dourados, distritos e cidades localizadas nas proximidades. O idoso saiu para comprar pão no dia 5 de junho de 2021 e não retornou.
Os familiares registraram Boletim de Ocorrência na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) no dia 6 de junho para oficializar o desaparecimento de seu Antônio, que sofre do ‘Mal de Alzheimer’, em fase inicial.
Desde então, o estudante de psicologia, Wesley, vem tentando encontrar o pai com ajuda de uma rede de amigos, se deslocando até os bairros e buscando pistas através de postagens em redes sociais.
“É está a nossa rotina agora. Além de muita oração. Com o passar do tempo, a gente vai ficando sem recursos e sem novas ideias do que fazer, pois ninguém está preparado para uma situação como esta”, comentou Wesley em entrevista concedida ao Dourados News nesta quinta-feira (8/7).
Qualquer informação sobre o paradeiro de Antônio Juvenal Ferreira pode ser encaminhada através do contato (67) 9 9870-9564 (Wesley Silva) ou leve até o endereço rua Antônio Azambuja, 430, bairro Vila vieira.
Neurodegenerativa
A família do estudante de psicologia atribui o sumiço de Antônio ao avanço do Alzheimer. Esta doença ataca o sistema nervoso, ou seja, consiste na morte de neurônios que, de forma lenta e gradativa, passam a não se regenerarem e nem se multiplicarem.
De acordo com informações disponibilizadas no site oficial do Ministério da Saúde, a doença neurodegenerativa ocorre de forma progressiva.
Um dos primeiros sintomas é a perda de memória recente, comportamento apresentado pelo pai de Wesley meses antes do desaparecimento.
“A gente começou a perceber que ele ficava confuso e inquieto. Isso teve início uns três meses antes do sábado em que ele saiu de casa para comprar pão e acabou não voltando”, relembrou o estudante.
Antônio mora na rua São João, bairro Vila Vieira, bem próximo da residência de seus filhos, na rua Antônio Azambuja, região próxima ao bairro Vila Industrial.
Assim como milhares de brasileiros, Antônio apresentava sintomas da primeira fase do Alzheimer, que são “alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais”, ainda conforme o Ministério da Saúde.
Sumiços
Semanas antes de desaparecer, o pai de Wesley chegou a sair de bicicleta durante o dia e após horas foi encontrado na Vila São Pedro por um caminhoneiro que o reconheceu.
“O dia-a-dia dele era basicamente ir ao mercado, farmácia, frequentava os bares. Dormia na casa dele, mas passava o dia com a gente, brincava com a neta de dois anos. A saída dele durante a manhã fazia parte da rotina”, contou Wesley completando que segue com as buscas apesar das dificuldades.
“Meu pai é um sobrevivente. Prefiro acreditar que ele possa estar se virando de alguma forma em algum lugar em Dourados ou mesmo em cidades próximas como Itaporã, Fátima do Sul, Douradina, etc. Ele é orgulhoso, não vai falar que está perdido, deve achar que está só andando por aí. Provavelmente vai falar que está procurando a rua São João”, explicou.
Nos primeiros dias de buscas, populares afirmaram ter visto Antônio na região Nordeste da cidade de Dourados - (Crédito: Reprodução/Dourados News)
Mais perdidos
O filho do seu Antônio fez questão de agradecer a todos que tentaram ajudar durante este período de buscas que já passam de um mês. Porém, contou também que muitas pessoas entraram em contato apenas para especular ou por curiosidade, gerando falsa expectativa e por vezes encaminhando pistas desconexas.
Por outro lado, lembrou que durante as buscas acabou percebendo que há muitos idosos além de seu pai que permanecem perdidos. “Eu não consegui achar meu pai ainda, mas nesta saga consegui achar pais de outras pessoas e acabei ajudando gente que estava na mesma situação que eu”, finalizou Wesley.
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