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Bebedeira, brincadeira com arma e “discussão banal” antecederam feminicídio

Erica Miranda sorri para foto com um dos filhos. (Foto: Arquivo pessoal) Erica Miranda sorri para foto com um dos filhos. (Foto: Arquivo pessoal)

Interior

Interrogado, homem confessou que matou esposa a tiros na frente dos filhos após discussão banal

Bebedeira e brincadeira com uma arma de fogo antecederam a discussão que terminou no assassinato de Erica Miranda de Souza, de 27 anos, no domingo (22), em Terenos, a 31 quilômetros de Campo Grande. O relato foi dado pelo próprio assassino, Diogo Cardoso de Souza, de 28 anos, marido de Erica. Ele foi preso nesta segunda-feira (23) em Paranaíba, quando tentava fugir para Minas Gerais.

Em mais de uma hora de interrogatório para a delegada Eva Maira Cogo, titular da DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Paranaíba, Diogo contou sobre os momentos que antecederam o crime, confessando que tudo foi motivado por uma discussão banal após bebedeira.

"Tomaram 30 latas de cerveja e chegaram a brincar com a arma do patrão dele, uma calibre 22. Ele conta que a Erica chegou a disparar em latinha de cerveja e depois foram para o quarto, onde ocorreu o crime", revela a delegada.

Diogo descreveu que a cama do casal ficava ao lado da beliche das crianças, de 2 e 9 anos. "A criança estava na cama na parte de cima e o mais novo embaixo. Em determinada ocasião começaram a discutir e Erica estava sentada, quando ele sacou a arma e efetuou cinco tiros".

A criança presenciou a cena e chegou a questionar se também seria morta. "Ele [Diogo] respondeu que não, que era criança e não tinha nada a ver com aquilo. O menino mais novo acordou com a situação e começou a chorar", afirma a delegada.

Eva Maira revela que Diogo se emocionou por alguns momentos do interrogatório e se disse arrependido. Afirmou que sempre andava armado com uma faca e durante as discussões, nunca se exaltou. "Disse que fez por estar com arma, pela facilidade de apertar o gatilho. Ele confirma que a arma de fogo foi determinante, caso contrário, não teria feito".

O delegado Antenor Batista, de Terenos, que irá prosseguir com a investigação, confirmou que a criança mais velha foi entregue ao pai e a mais nova para a avó materna. Depois de ser ouvido em Paranaíba, Diogo foi levado para a delegacia de Terenos e deve passar por audiência de custódia nesta terça-feira (24).

O velório de Erica acontece nesta terça-feira, na casa da família em Dois Irmãos do Buriti. Haverá um cortejo às 9 horas até o cemitério municipal, onde o corpo será sepultado.

Crime e fuga - Erica foi morta por volta das 23h30 de domingo (22). Após atirar contra a esposa, Diogo teria mandado os filhos dormirem com a mãe e, no dia seguinte, pedir ajuda a algum vizinho.

Por volta das 3h, o filho mais velho saiu de casa e andou mais de 2 quilômetros para pedir ajuda a um vizinho e só chegou de volta pela manhã, enquanto a criança de 2 anos dormia sobre o corpo da mãe.

Após o crime, Diogo entrou na casa do patrão, bebeu cerca de 40 latas de cerveja e fugiu. Ele pediu ajuda em outra chácara vizinha para chegar a Campo Grande. Dizia que o pai havia sido morto e precisava chegar a Belo Horizonte (MG). Ele então foi deixado no Aeroporto Internacional e já na Capital, propôs pagar R$ 3 mil motorista de aplicativo para leva-lo até a capital mineira.

Policiais militares rodoviários e do GOI (Grupo de Operações e Investigações) conseguiram prendê-lo, contudo, na tarde desta segunda-feira (23), na MS-240, entre as cidades de Água Clara e Paranaíba.

Medida protetiva - Erica já tinha procurado a polícia e registrou boletim de ocorrência contra o companheiro. Havia, inclusive, pedido medida protetiva. Em uma das ocasiões, Diogo a ameaçou de morte e em outra, queimou as roupas da mulher.

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