Conquista após cinco anos estudando foi celebrada pela comunidade índigena em Dourados
Depois de cinco anos estudando, Bernard Ortiz Machado, de 21 anos, realizou o sonho de passar em Medicina numa instituição pública. Além de deixar a família orgulhosa, ele trouxe alegria para a aldeia Jaguapiru, localizada em Dourados, a 192km de Campo Grande. Ele é o primeiro indígena da comunidade a ingressar no curso.
Ele soube do resultado no dia 24 deste mês, porém, preferiu contar a notícia somente para os pais Cristiane Machado da Silva e Silvio Ortiz. Posteriormente, as demais pessoas da aldeia ficaram sabendo e comemoraram a conquista do rapaz que passou na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).
“Foi muito especial e não só pra mim, mas para a minha família, a comunidade e o que isso representa pra gente. É gratificante saber que podemos conquistar nossos sonhos”, afirma o novo acadêmico de Medicina.
Após concluir o Ensino Médio na escola indígena, Bernard seguiu estudando para ser aprovado na universidade. Durante esses anos, o jovem revela que ficou frustrado ao ver que não tinha sido aprovado, porém, a família sempre o apoiou. "Muitas vezes é frustrante receber o resultado e ver que não passou. O que não me deixou desistir foi minha família", frisa.
Bernard tentou aprovação em outras instituições anteriormente e conseguiu em outro curso. “Tentei Unimat, UNB e Unicamp, onde passei para Odontologia até que soube que passei aqui”, explica. Desde então, o rapaz tem recebido muito carinho e felicitações de pessoas que nem conhece.
Começo do sonho - Filho de professora e enfermeiro, a vontade de estudar Medicina surgiu na adolescência. Aos 15 anos, Bernard fez estágio no hospital onde teve contato com a área. Além disso, ele cita que o pai também o inspirou. "Eu fui jovem aprendiz no hospital e meu pai também é enfermeiro. Sempre tive esse contato com a saúde e desde então foi meu sonho”, destaca.
Animado para as aulas que começam na próxima segunda-feira (04), Bernard faz planos para seguir carreira como cirurgião. No final da entrevista, o estudante enfatiza a importância de representar a comunidade. "É muito difícil se imaginar num lugar que você não tem representação. Quando você se enxerga num local, você se sente acolhido e ter alguém ali te incentiva a ir atrás”, conclui.
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